Produtividade

Como as pressões por maior produtividade nas empresas estão motivando uma rediscussão sobre os objetivos e os resultados do trabalho.


Desde há muito, uma expressiva parte da massa trabalhadora vive inserida em uma cultura obcecada pela produtividade. Com a pandemia, ingredientes foram adicionados a esta realidade, parte deles estimulados pela urgência de alternativas para a continuidade do trabalho, parte acirrados pelo enfrentamento de toda a turbulência provocada pela crise sanitária. No entanto, as expectativas das empresas quanto a produtividade das pessoas manteve-se inalterada. Muitas delas até acirraram suas medidas para este objetivo. Lançado em um carrossel de incertezas e desafios, sujeito à ansiedade, dúvidas, temores e fragilidades, o trabalhador vive um momento difícil. Situação que a deterioração da conjuntura socioeconômica só agrava.

Mas, o momento também é desafiador para as empresas. E elas, hoje, se encontram presas às mais ortodoxas medidas de preservação – a contenção do custo e a otimização dos recursos. Medidas que, sabidamente, pesam sobremaneira sobre o trabalhador que acaba exigido ao extremo na sua produtividade. Entretanto, nesta situação recente, estas medidas não foram suficientes para muitos dos negócios. O número deles que encerram suas atividades e a inédita taxa de desemprego não deixam margem para dúvidas sobre isso.

Por tudo isso, cresce a percepção entre as pessoas de que este modelo de trabalho, reconhecido pela produtividade apenas, está caducando. Em meio a tantas incertezas e vendo a aura de imortalidade das empresas se exaurindo, não há mais por que o trabalhador aceitar que a produtividade se justifique a qualquer custo. Assim emergem nas pessoas expectativas e necessidades por objetivos e realizações (profissionais e pessoais) até então relegados. Colocar-se como prioridade para o seu próprio esforço não tem como ser pior do que desperdiçá-lo em ambíguas carreiras, vantagens ou ganhos. E, às empresas, cabe agora decidir entre entrar para a discussão e conduzir sua transformação ou assistir seu quadro se desvalorizar pelo abandono, pela desqualificação ou pela improdutividade. A despeito das dificuldades e desafios, a pandemia precisa significar para as empresas uma preciosa oportunidade para reavaliar o significado da produtividade e, para o trabalhador, a decisão de elaborar uma versão melhor de si como profissional e, principalmente, como pessoa.

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