Pavilhão soberano

A educação levou a Índia ao topo da tecnologia global e prepara-a para uma revolução tecnológica que irá transformá-la radicalmente.


Hoje, mais de 70% dos vistos H-1B (licenças de trabalho para estrangeiros especializados em alguma tecnologia) emitidos pelos Estados Unidos são concedidos a indianos. E nada menos que 40% do total de profissionais da tecnologia trabalhando neste momento nos EUA foram formados nas universidades indianas. Mas isso não é tudo, Satya Nadella, CEO da Microsoft, Sundar Pichai, CEO da Alphabet (Google), Arvind Krishna da IBM, Parag Agrawal do Twitter e muitos, muitos dos demais mandatários das Big Techs globais são originários ou descendentes de indianos. Por isso, não foi desmedido quando, dia 9 de janeiro passado, Narendra Modi, primeiro ministro da Índia, celebrou o 17º Pravasi Bhartiya Divas (dia quando Gandhi retomou à India em 1915 e que hoje é dedicado a contribuição da diáspora global hindu ao engrandecimento do pais) reconheceu que essas pessoas que os representam pelo mundo afora como um ativo estratégico para o fortalecimento global do país. Resultado que é fruto de um trabalho do próprio mandatário que rodou o mundo durante seu primeiro mandato conclamando a comunidade indiana no exterior a se reconectar com suas raízes indianas e desempenhar um papel crítico no desenvolvimento do país. Suas interações se transformaram em celebrações do Madison Square Garden de Nova York à Allphones Arena de Sydney convertendo aos indianos no estrangeiro em embaixadores do potencial e das ambições da pátria mãe. Hoje, as pessoas de origem indiana representam menos de 1% da população americana, mas já são mais de 6% da força de trabalho do Vale do Silício e ocupam, destacadamente, a maioria dos cargos do alto escalão das empresas de tecnologia.

Os americanos atribuem aos fatores socio-culturais e históricos a impressionante capacidade gerencial dos hindus que, como o dizia o famoso estrategista corporativo indiano CK Prahalad, são fruto da competição e do caos o que os torna gestores hábeis e solucionadores de problemas. Mas, na raiza dessa capacidade, encontramos a resiliência e a garra de um povo que cuja avidez pelo conhecimento perpetua uma tradição de notáveis cérebros dedicadamente formados, objetivamente focados mas nem um pouco deslumbrados com seus feitos e nem iludidos com suas conquistas – em uma expressão, genios com os pés no chão. Aliada a isso, a ênfase dada a matemática e às ciências na Índia, fomenta um próspero ambiente para o desenvolvimento das habilidades certas para os destacarem nas mais avançadas instituições americanas da tecnologia e da administração. Uma realidade que desmitifica muito do se pensa e diz e sobre oportunidade e trajetória pelo mundo e evidencia a importância do propósito e do trabalho coletivo para a concretização do, supostamente, impossível.

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