ConsumAÇÃO!

O que acontece agora está diretamente relacionado com os nossos hábitos de consumo. Se almejamos um amanhã, precisamos mudá-los agora.


As crescentes mudanças sentidas no clima são a ponta do iceberg à deriva que se tornou a questão ambiental global. Ignorando o fatal risco que se agiganta abaixo da ponta visível do iceberg, preferimos relativizar o risco pouco nos importando com os gritantes alertas desabando sobre nós. Não se pode compreender essa lenta adequação dos nossos habitos, de consumo, principalmente, às exigíveis mudanças para formas mais sustentáveis. Assim como, também, é incompreensível a dificuldade do empresariado em se convencer que a sustentabilidade é “vendável” e pode ser convertida em um diferencial competitivo de virtuoso retorno financeiro. Mas o que mais nos deve chamar a atenção nessa estratégia suicida é a postura absolutamente irresponsável dos governantes mundiais que preferem aguardar que seus pares tomem as iniciativas a assumirem a obrigação que o cargo lhes exige de serem uma liderança atuante no enfrentamento deste problemão, com a coragem, ousadia e decisão que os riscos existentes exigem.

A realidade é que ainda prevalece entre nós um modelo de consumo onde a maioria das coisas que compramos são (ou precisam ser) descartadas quando quebram ou quando são superadas pelas sucessivas “atualizações’ que a obsolescência programada pelas empresas cegamente nos empurra. Por tudo isso, não pode ser desprezada a resistência contra este nefasto rumo das coisas que toma corpo desde que a pandemia surgiu entre nós. Nestes mais de dois anos de crise, cresceu significativamente o número de pessoas que se deram conta de que já não devemos mais atualizar nossos bens sem uma razão justificável, sobretudo pelo aspecto ecológico. Ao invés de já ir para a troca quando o celular, a TV ou o console de games se danifica ou nos desencanta, a consciência se impõe determinando a priorização de possibilidades de menor impacto como o conserto, o upgrade e até mesmo a disciplina de se adequar nossa expectativa de desempenho à realidade etária do bem utilizado até que a efetiva troca seja coerente e justificável. Na esteira desta visão, também acelera o despertar das pessoas para novos hábitos de consumo e vida provocando o surgimento de muitos negócios que estão gestando um novo mercado verde cujo crescimento desconhece fronteiras.

Outro gritante fator para estas mudanças foi a irresponsável atitude dos governantes quanto aos previsíveis desdobramentos econômicos da pandemia. Tanta inépcia ou imprudência acabou por mergulhar o mundo em uma ciranda inflacionária cuja deterioração das finanças também está nos forçando a rever nossos hábitos de consumo. Não são poucos os que hoje se limitam ao necessário ou ao possível visto que não há o menor sinal de novos “bons tempos” no horizonte. Neste cenário, cada vez mais pessoas estão procurando formas de prolongar a vida útil das coisas que possuem e nossos itens de tecnologia precisam estar na ponta desta mudança.

No entanto, este cenário favorece a natureza que ganha algum fôlego estando o consumo reprimido e os nossos hábitos em mudança. E nós também ganharemos com tudo isso se aproveitarmos essa providencial oportunidade existente para reavaliarmos nossos modos, crenças e escolhas. É tempo de mudança e ela sempre está nas nossas mãos.

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