Mar de dados

A malha de cabos submarinos se expande ininterruptamente garantindo uma internet na velocidade da luz nos quatro cantos do mundo.


Desde 1858, quando a Europa foi conectada aos Estados Unidos por um cabo telegráfico submarino, a extensão destes gigantes que cruzam as profundezas dos oceanos do planeta cresce sem parar. Hoje, já se aproximando de completar seu segundo centenário, a transmissão cabeada intercontinental só vê crescer sua contribuição para o desenvolvimento da comunicação global. Embora estender um cabo submarino ainda exija investimentos vultuosos, novos projetos surgem periodicamente em face do gigantesco suporte que essa tecnologia dá ao desenvolvimento do prolífico modelo digital que nos cerca. A princípio o cobre foi o material condutor utilizado, mas o tempo trouxe o digital e a transmissão de dados através da luz, conjunção sem a qual seria impossível dar vazão ao volume de dados atualmente em trafego e muito menos fazer da internet um organismo vivo. Atualmente há cerca de 500 cabos submarinos em operação no planeta totalizando uma extensão de mais de 1 milhão de quilômetros e esses números não param de crescer. Os modernos cabos submarinos chegam a portar em seu núcleo dezenas de fibras óticas com uma capacidade de transmissão que já alcançou os 500 TBps e um volume mensal total de mais de 350 Exabytes.

Os cabos submarinos intercontinentais possuem cerca de uma polegada de espessura. A seção que abriga as fibras óticas fica no seu núcleo que é recoberto por sucessivas camadas de diferentes materiais com diferentes finalidades. Elas visam impedir que as fibras centrais sejam esmagadas, que o cabo se parta na ocorrência de acidentes marítimos e incidentes geológicos ou que sofram infiltrações devido a fissuras que a pressão das profundezas abissais pode causar. Alguns cabos submarinos ultrapassam os 20 mil quilômetros de extensão. Para conseguir estendê-los, não raro o fabricante os distribui em duas bobinas que são transportadas até um pondo mediano do trajeto a ser realizado (em alto mar). As bobinas são, então, transferidas para dois navios que partem em rumos opostos estendendo o cabo até seus respectivos destinos. Devido a enorme extensão destes cabos e todo o imprevisível que o inóspito fundo do mar oferece, rupturas frequentemente ocorrem. Embora exista toda uma estrutura de contingência, os reparos precisam se ágeis o que torna as operações de reparo ainda mais complexas. Por isso, existem espalhadas pelos mares do mundo equipes prontas para entrar em ação rapidamente.

Embora seja inquestionável o fato de serem os cabos que sustentam o desenvolvimento da internet atual, a tecnologia tem um tendão de Aquiles – muitos desconfiam seriamente do sigilo que ela oferece para as informações que por elas trafegam. Principalmente, por serem poucas as empresas que atuam neste nicho sendo, a maioria delas, de nacionalidade estadunidense. Assim, há vários indícios de que os equipamentos utilizados espionam os dados que por eles trafegam favorecendo e ampliando o já desequilibrado poder que os americanos exercem sobre a internet.

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