A obsolescência Programada é um mal silencioso, mas tremendamente perigoso. Afeta nosso bolso, afronta nossos direitos e agride à natureza.
O assunto não é novo, a discussão é importante, mas ainda é insipiente o engajamento da sociedade – o mundo pede que reduzamos nosso consumo, mas as empresas nos empurram numa direção diferente. Por isso, a Obsolescência Programada se tornou uma discussão inadiável, pois, cada vez mais, os fabricantes incutem em seus produtos uma usabilidade pré-determinada. Os artifícios aplicados para isso são vários e vão de softwares com fechaduras digitais criptografadas a eletrodomésticos cujos gabinetes são lacrados como verdadeiras caixas enigma. Embora a comercialização de produtos com estas características seja questionada em todo mundo (e até proibida em muitos países), é cada vez mais comum nos depararmos com verdadeiros cubos-mágicos em muitos dos produtos que adquirimos.
Os itens campeões nesta prática são os eletroeletrônicos, com destaque para os celulares e os computadores. O períodos livre de aborrecimentos no convívio com estes dispositivos esta encurtando a olhos vistos desde o início da década passada. Embora acompanhemos uma evolução sem precedentes da capacidade neles instalada, também vemos eles se tornarem cada vez mais frágeis e defeituosos, além de uma voracidade operacional insaciável por recursos e energia (inclusive os nossos). Para os consumidores, isso significa que os produtos nem funcionam e nem duram tanto quanto deveriam e, quando chegam os problemas, exigem cuidados que multiplicam a dimensão do problema já existente. Para priora, quanto menor o poder aquisitivo do consumidor ou maior o seu distanciamento geográfico de um grande centro, maior também é a probabilidade do consumidor se ver envolvido em um verdadeiro calvário.
Mas a cereja do bolo é o impacto ambiental provocada pela enchente de resíduos altamente poluentes sem que nem as empresas e nem o estado, apliquem medidas efetivas, regulamentadas, abrangentes e acessíveis para o seu adequado manejo. Esse riscos já pesam sobre a natureza e ameaçam severamente a todos nós. São elementos e ligas plásticas e metálicas altamente poluentes que a natureza não tem a menor possibilidade de degradar. No Brasil, a situação ainda se agrava pela insipiente observância às normas internacionais pelos fabricantes, pela inferioridade dos produtos aqui industrializados, por uma assistência técnica rara, sofrível e cara e pela ausência do estado no zelo ético e responsável dos diretos do consumidor e da natureza. Por isso, é fundamental que a coletividade utilize os mecanismos existentes (PROCOM, Ministério Público, Órgãos e Autarquias de defesa do consumidor e do meio ambiente) e avance com ações públicas e políticas determinadas pela valorização dos nossos direitos, tempo e dinheiro através da denuncia dos abusos, pressão sobre os fabricantes e autoridades e proteção do meio-ambiente contra a severidade crítica destes riscos.