Piora drasticamente o ambiente da educação, ciência e tecnologia no Brasil que se distancia cada vez mais da dianteira mundial.
Mergulhado em constantes crises e urgentes necessidades o Brasil “não encontra tempo” para encarar de forma responsável algumas questões vitais que o afligem endemicamente. São aspectos que o passar do tempo só agravam e que nos afastam, cada vez mais, do mundo desenvolvido. Entre estas questões, tem gritante destaque a da educação. Ano após ano vemos os indicadores evidenciarem uma degradação dilacerante do ensino no país. São injustificáveis os resultados da educação brasileira, até quando comparados aos demais indicadores do desenvolvimento da nação. O que mais pesa é saber que essa realidade pode ser diferente. Foi o que todos presenciamos na primeira década desse milênio quando o Brasil mostrou que essa realidade pode ser mudada e o quanto essa mudança pode impulsionar o desenvolvimento da nação e reduzir a vergonhosa estratificação econômica que mantem presos nos porões da nação milhões de brasileiros.
Entre 2000 e 2010, a educação brasileira apresentou uma reação que prometia uma radical transformação da nossa realidade. Parecia que o Brasil havia se decidido a eliminar o enorme passivo educacional que, nas últimas décadas do século passado, o havia impedido de acompanhar os emergentes que haviam se juntado ao bloco dos países desenvolvidos. Para tanto, elaborou um ambicioso Plano Nacional para o Desenvolvimento da Educação (PDE) brasileira. Através dele, criou quatro novas Universidades Federais e mais de duzentas Escolas Técnicas Federais. Também lançou vários programas para o incentivo e a democratização do acesso à educação sendo que quatro deles chamaram a atenção do mundo – 1) o FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) que atacou decididamente o analfabetismo no país, desde a pré-escola até os jovens e adultos; 2) o PROUNI (Programa Universidade para Todos); o 3) FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) e o providencial Sistema de Cotas. Estas iniciativas permitiram a mais de meio milhão de brasileiros rompessem a bolha da privação e tivessem acesso ao curso superior. Naquela época, os investimentos na educação e ciência ultrapassaram os 10 bilhões de reais/ano e os resultados deste esforço puderam ser sentidos nas mais diversas frentes.
Entretanto, em 2022 o aporte para a educação e a ciência se vê reduzido para 6,6 bilhões de reais. Esse investimento fica ainda mais reduzido se considerarmos que a inflação acumulada no período entre estas duas épocas ultrapassou os 300%! E, agora em Maio, o governo vilipendiou a previsão inicial (que já era miserável) cortando-a pela metade. Isso, no momento que o MEC, ao invés de estar lutando pelo respeito à educação no país, se encontra enlameado em um inimaginável escândalos que envolve organização criminosa, trafico de influência, corrupção ativa e passiva, entre muitos outros. Uma tragédia! Por isso, como temos visto todos os dias, nossos parcos centros de pesquisa estão fechando suas portas, nossos quadros deixam o país em um êxodo irreversível e nossas universidades preveem que os recursos para se manterem funcionando não chegarão à metade do próximo semestre.
O resultado desse desmonte poderá ser medido no próximo ano quando começarem a sair os números dos educandos brasileiros que estão participando do PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes). Precisamos nos preparar. Na avaliação anterior (ocorrida antes da pandemia varrer como um tsunami a já capenga estrutura educacional do país) nossa classificação só não foi pior que a da Indonésia – o Brasil ficou na penúltima posição do quadro global. Dias atrás o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) já começou a divulgar alguns números por ele apurados e que já estão nos indicando que o pior está por vir.
Desta forma, sem mais delongas, fique à vontade, caso já queira começar a chorar.