O google pretende trocar a câmera por um radar no seu plano de tornar o computador uma ferramenta mais amigável.
E se o seu computador decidisse não tocar nenhuma notificação sonora quando você estiver em uma ligação? E se a sua TV pausasse o filme em exibição porque você foi a cozinha pegar um copo de suco? E se os computadores se tornassem capazes de interagir conosco de maneira mais empática, intuitiva e atenciosa? Mas, e se, ainda, tudo isso fosse possível sem a utilização das desacreditas web câmeras? Pois é nisso que a divisão de Produtos e Tecnologia Avançada do Google, a ATAP, está trabalhando nesse momento. Eles estão ensinando a Inteligência Artificial a esquecer a câmera e adotar o radar para orientar suas respostas inteligentes aos humanos. O radar foi uma escolha natural por se destacar como opção amigável e discreta para a coleta de dados espaciais por não necessitar da “visão” para reagir ou interagir. Ao contrário de uma câmera, o radar não trabalha com imagem e som, mas com luz, sombra e movimento.
O Google já utiliza esta tecnologia no seu smartphone Pixel 4 de uma forma ainda bem modesta. Denominada Sensor Soli, a tecnologia permite ao usuário comandar o smartphone por gestos. Mais recentemente, ela também foi incorporada ao dispositivo pessoal inteligente Nest Hub que é capaz de monitorar o sono do usuário sem contato direto com o seu corpo. Mas agora, o que se pretende dela é torná-la capaz de fazer muito mais através de computadores como aumentar o volume de uma música quando alguém começa a dançar ou reduzir o volume da TV quando aparentamos ter adormecido no sofa. O radar ainda será capaz de ligar o computador ao perceber nossa chegada à mesa de trabalho e auxiliar-nos em várias tarefas da nossa rotina profissional. A inteligência ainda aponta outras outras fantásticas possibilidades:
– Se um dispositivo perceber que você se sentou de frente para ele, ele poderá já comandar o download dos seus e-mails e abrir sua agenda diária. Se você sair da sala, a TV marcará o ponto por onde você saiu e pausará tudo até perceber seu retorno por aquele mesmo ponto. Se um dispositivo perceber que você está apenas de passagem ou de saida, ele priorizará a notificação apenas daquilo que for importante. Se você estiver na cozinha seguindo uma receita em vídeo, o dispositivo poderá pausar as instruções sempre que você se afastar para pegar ingredientes ou olhar o forno.
É claro que a realidade oferece variáveis muito mais complexas do que estas citadas. Por isso, a equipe envolvida no projeto é multidisciplinar com expressiva presença da psicologia e da engenharia social, tudo fortemente empoderado pelo aprendizado de máquina. Essa multidiscplinaridade acelerará expressivamente o amadurecimento da tecnologia. Mas o que mais chama a atenção nesse projeto é a quebra de paradigma que ele representa para a orientação comercial da Alphabet que se destaca pela habilidade em transformar seu “poder de observação” em faturamento. Como o radar não trabalha com imagens ou identificação pessoal, seria correto afimar que o Google estaria se preparando para adotar uma postura de maior respeito para com o indivíduo e sua privacidade?