Pesquisas mostram que o universo da tecnologia ainda é um ambiente sexista e discriminatório. Mas há uma poderosa mudança acontecendo.
Na semana passada, destacamos o significado do crescimento da presença de executivos de origem hindu nos cargos do topo do topo das Big Techs globais. Um feito notável que, por ele apenas, deveria desmistificar crenças que habitam a cabeça de gente que ainda pratica hoje comportamentos que há muito já deveriam ter sido erradicados. As mudanças em curso no Vale do Silício atestam que apenas um fator diferencia de fato a pessoas – a oportunidade. Se a todos e todas fossem garantidas as mesmas oportunidades, a humanidade viveria uma realidade muito diferente desse universo desigual que perpetua e, certamente, estaria livre de parte expressiva dos flagelos que a cerca. Ao redor do mundo ainda são enormes as barreiras que as mulheres, os não héteros e os não brancos enfrentam em diversos aspectos da vida pessoal e profissional, mas, por incrível que pareça, no mundo da tecnologia elas se tornam ainda mais gritantes.
Isso é o que nos mostram diversas pesquisas realizadas recentemente no universo da tecnologia. Um relatório da Consultoria Russel Reynolds Associates apurou que 47% dos profissionais de tecnologia não brancos “concordam fortemente” que precisam alternar entre empresas regularmente para obterem reais oportunidades de crescimento profissional. Já entre os brancos, essa necessidade só se apresenta para menos de 28% dos entrevistados. Os não brancos precisam mudar de emprego a cada 3,5 anos, enquanto a média entre os brancos é de 5,1 anos. Outro estudo do Kapor Center for Social Impact e da Fundação Ford apurou que o tratamento injusto é o principal fator da rotatividade profissional entre os dos grupos sub-representados. Um em cada três não brancos entrevistados afirmaram já ter mudado de emprego por haverem sido preteridos em função da cor. Dos entrevistados, 25% homens e mulheres não brancos se sentiram estereotipados por seus superiores, sendo que mais de 30% das mulheres se disseram haverem sido preteridas para uma promoção profissional devido ao seu sexo ou cor da pele.
Sem surpresa, em quase todos os ambientes, estereótipos e bullying estavam diretamente relacionados à estabilidade no trabalho – quanto maior a toxicidade do ambiente, menor o tempo que um não branco permanecerá na empresa. Embora estas deploráveis práticas tenham custados às empresas americanas mais de U$ 1,2 bilhão em 2020, os problemas da base acabam acarretando ou se somando a outros quando os projetamos no tempo ou escalamos a cadeia hierárquica. A representatividade dos não brancos nestas duas perspectivas é anda mais desafiante. Quanto há mais tempo ou mais graduado for o profissional não branco, mais etnicamente descaracterizado pelos colegas ele será. Isso, mesmo considerando que eles, mesmo apresetnado maior experiência, qualificação ou produtividade, ganham sinificativamente menos que os profissionais brancos de igual posição. Em suas carreiras, acumulam em média três promoções enquanto seus colegas brancos somam mais de cinco. Para finalizar, eis os números qie evidenciam o abismo existente entre as diferentes realidades:
- 62% das oportunidades de crescimento nas empresas são oferecidas para funcionários homens e brancos;
- 57% deles recebem indicações ou oportunidades através da rede de contatos que possuem, entre os não brancos, menos de 39% recebe a mesma atenção;
- Apenas 7% dos brancos não vêm oportunidade de crescimento nas empresas onde trabalham; já entre os não brancos essa percepção alcança os 75%.
São os números mostrando a dimensão e peso de uma realidade cruel. Realidade que traduz o impacto da mentalidades arcaica e das estruturas retrógradas sobre a nossa realidade. Mas os esforços contra essas amarras do atraso existem e são destacáveis – essa semana o Google anunciou que irá acelerar a diversidade no seu quadro brasileiro que pretende configurar como expressivamente inclusivo a partir de agora. Precisamos todos nos incluir neste movimento em nome de um futuro justo e igualitário – é tempo de mudança!