Após banida do mercado americano, situação da Karspersky se agrava com o mercado europeu fechando as portas para seus produtos.
O poderoso Escritório Federal de Segurança da Informação (BSI) da Alemanha se juntou aos vários órgãos pelo mundo que passaram a reprovar o uso de produtos da Kaspersky. A Kaspersky é uma empresa russa dona de uma fortíssima reputação na área de proteção digital. Porém, desde 2017, diversas acusações surgiram sobre possíveis risco de espionagem contra seus clientes. Embora nada de cabal jamais tenha sido apresentado, é longa a lista de empresas e governos que deixaram de usar seus produtos ao longo desse tempo. Agora é o BSI que passou a recomendar a troca de qualquer produto Kaspersky na Alemanha devido a um hipotético risco da empresa ser (ou estar) submetida aos desígnios de Putin.
Esta não é a primeira vez que a Kaspersky é acusada de ter um suposto vínculo com o governo russo comprometendo a sua capacidade salvaguardar o ambiente digital de empresas e órgãos governamentais mundo afora. Em 2017, o governo americano acusou-a de vigiar seus clientes, entre os quais o governo dos EUA e baniu o uso dos seus produtos do país. Na época, a Kaspersky afirmou que a decisão não tinha base em fatos e abriu um processo contra o governo Trump assim que a proibição foi imposta. Na sequência, o Centro Nacional de Segurança Cibernética (NCSC) do Reino Unido também se posicionou contrário a continuidade do uso da proteção pelo governo inglês. Logo após a recomendação passou a ser feita pela própria União Europeia para todos os seus estados membros. As restrições se ampliaram quando o Twitter baniu os os anúncios da Kaspersky alegando a existência de conflito entre as respectivas políticas de negócios das empresas. Desde então, os problemas da Kaspersky só cresceram e ela os vê hoje se transformarem em uma bola de neve. Diante dos prováveis desdobramentos da invasão à Ucrânia, o BSI se posicionou como não sendo mais impossível ignorar o risco da Kaspersky vir a espionar ou até atacar alvos pelo mundo explorando utilizando a tecnologia que possui a pedido ou a mando de Putin. Em comunicado a BSI assim se posicionou:
– “A confiabilidade na proteção, bem como em sua autêntica capacidade de agir, é crucial para o uso irrestrito dos sistemas protetivas. Portanto, se houver dúvidas sobre esta confiabilidade, o software de proteção contra vírus passa a ser um risco particular para a infraestrutura de TI a ser protegida.” Como sempre tem feito, a Kaspersky rechaçou as alegações do BSI dizendo serem elas destituídas de qualquer fundamento ou lógica e afirmou “Esta decisão não se baseia em uma avaliação técnica dos nossos produtos, suas razões são políticas” e concluiu “Continuaremos a assegurar aos nossos parceiros e clientes a qualidade e integridade dos nossos produtos e trabalharemos com o BSI para esclarecimentos sobre a sua decisão e para responder às suas preocupações e às de outros reguladores. Nós da Kaspersky, acreditamos que a transparência e a implementação contínua de medidas concretas para demonstrar nosso compromisso duradouro com a integridade e a confiabilidade de nossos clientes são fundamentais. A Kaspersky é uma empresa privada global de segurança cibernética e, como empresa privada, não tem vínculos com o governo russo ou qualquer outro governo”.
No entanto, o quadro não se reverte e o cerco se fecha.