Mesmo para um Brasil acostumado à carência, podem ser vistos como desesperadores os recentes indicadores educacionais das nossas crianças e jovens.
O último relatório anual da OCDE sobre educação, o EaG, foi assombroso para o Brasil. O documento mostrou em números o drama que se tornou a educação no nosso país que segue na contramão dos demais países membros do grupo. Tudo, resultado de uma política pública catastrófica que não consegue acompanhar, nem em montante e nem em percentual do PIB, o investimento feito até mesmo nações de muito menor expressão que a nossa. A educação nunca foi uma prioridade nacional, mas isso não parece ser fruto do ocaso. Aqui se perpetua um cenário onde são abundantes os sinais da existência de um propósito estratégico por detrás desta situação – subjugar pela ignorância.
Hoje, na maioria dos países, a introdução do cidadão no mundo das finanças, tecnologia, empreendedorismo, negócios, ciências, ecologia, letras e artes, e dada já nos primeiros passos da educação formal. Na última década o Brasil viu o analfabetismo funcional chegar aos bancos do segundo grau! São milhões de brasileiros incapazes de estruturar e sustentar uma dinâmica de crescimento do país, porque nossas crianças e jovens não respondem na maioria das situações que lhes exijam compreensão, raciocínio e visão sistêmica. No último exame do PISA, dois terços dos nossos jovens não conseguiram identificar, entre os textos propostos, quais apresentavam informações e fatos e quais manifestavam ideias e opiniões. Parte expressiva não foi capaz de explicar o que leu e muitos sequer conseguiram entender o que os textos queriam lhes dizer.
Mas, há quem resista nesse cenário desolador. A Pesquisa do Varejo do Livro no Brasil, concluída no final do ano passado pela Nielsen Bookscan, mostrou que a venda de livros no país cresceu mais de 30% no ano, alcançando 5,7 milhões de unidades vendidas. O número de novos títulos publicados também cresceu mais de 11%, em relação ao ano anterior. Mas o que mais nos aquece o coração são as ações de estímulo a leitura que se multiplicam pelo país. São clubes de leitura em escolas, grupos de amigos e comunidades, feiras de troca e muitas outras inciativas motivadoras, muitas solitárias até, que surgem nos mais improváveis cantos e situações. Todas fruto da invencionice de apaixonados pela leitura que sabem o quanto ela é capaz de transformar vidas e nos libertar de muitos dos males, pessoais e circunstanciais, que hoje nos aprisionam.