Plano B?

O planeta terá como se sustentar se nós extinguirmos os insetos? A ciência corre contra o tempo atrás das alternativas.


Os alertas sobre as consequências da ação do homem sobre o planeta são antigos. No entanto, apenas hoje podemos dizer que esa preocupação extrapolou os círculos restritos a superou a efêmera retórica. Por todo o planeta, pessoas, entidades e governantes se mostram cada vez mais conscientes, alertas e reativos quanto ao enorme risco que nos ronda. A tecnologia finalmente também parece estar incomodada como o papel de vilã nesta história e começa a conjecturar formas de se integrar a esse ainda tímido esforço pela preservação deste milagre no qual nos inserimos e evitar que a inconsequência inviabilize a vida no planeta.

Hoje a Terra atravessa a era Cenozóica. Em 2017 a comunidade científica anunciou que nossa geração estava presenciando uma mudança de fase dentro desta era em curso. Estamos deixando a fase do Holoceno (que teve seu início a doze mil ano atrás quando se findou a última era glacial) e adentrando o Antropoceno (que será marcada por impactantes mudanças no ecossistema planetário causadas pela ação humana). Nós alteramos tanto os processos biogeoquímicos que sustentam o ecossitema planetário que sua ruptura já é tida como inevitável por muitos estudiosos. Embora os danos possam ser vistos e sentidos por todos nós de forma ampla e irrestrita, alguns preocupantes aspectos se detacam. Um destes aspectos é o risco de extinção dos insetos.

Os insetos sustentam a vida animal do planeta por consituirem a base da sua cadeia alimentar. Concomitantemente, também são responsáveis pela sustentação da vida vegetal planetária. Portanto, não seria exagero afirmar que a vida se extinguiria se os insetos desaparecessem. Mas é justamente isso que está acontecendo. Nossa agrassevidade contra a natureza está causando enormes desequilibrios ambientais que ameaçam os insetos de uma verdaeira dizimação em massa. Um risco cuja dimensão a própria ciência reconhece e que já busca formas de neutralizar. Neste aspecto, o que a ciência entende hoje como possível para que a polinização não desapareça junto com os insetos?

Estudos para a criação de insetos robóticos já estão em andamento em vários países. Inglaterra, Japão, Estados Unidos e Holanda já possuem animadores resultados neste sentido. A universidade de Bristol trabalha com micro-protótipos de uma eficiência para o voo que já pode ser comparada a de alguns insetos. Um robô de Harvard consegue continuar voando mesmo após chocar-se com objetos ou coisas. A Holanda reproduziu uma mosca da fruta robotizada. A resposta tamém poderá vir de um exército de mini drones como a frota que a empresa norte-americana Dropcopter utilizou para polinizar um pomar de maçãs na Califoria. Ou um veiculo que se move pelo solo localizando e polinizando plantas incansavelmente, sem as limitações dos humanos e até dos insetos.

Contrariando a visão de alguns otimistas, estas iniciativas precisam, antes de tudo, estabelecer para todos nós que a ciência vê como real a possibilidade do extermínio dos insetos e isso, definitivamente, precisa representar para todos um sonoro alerta. Só em uma conta rápida, estima-se que existam hoje no mundo cerca de 80 bilhões de abelhas realizando um imprescindível trabalho pela reprodução das plantas, pela produtividade agrícola e para o sustento das aves e mamíferos que se alimentam de frutas e sementes. Hoje, ninguém em sã consciência pode pensar que a tecnologia teria como substituir essa capacidade de atuação com essa extensão. Portanto, a pergunta que não quer calar é a seguinte – o que nós humanos estamos realmente dispostos a fazer pela nossa sobrevivência?

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