Agravam-se os fatores causadores do Burnout, mas as empresas, o governo e mesmo os trabalhadores demoram em reagir ao problema.
Estamos atravessando um período desafiador. Todos nós, em algum grau ao menos, estamos sendo afetados por temores, pressões e dúvidas altamente impactantes. Situação que invade, cada vez mais, o nosso espaço. Esta na internet, nas mídias sociais, nos noticiários e, notadamente, dentro do nosso sagrado círculo de relações profissionais, pessoais ou familiares. A consequência dessa asfixia é um crescente esgotamento que vai nos minando o físico e o psicológico.
Quando esses males são derivados por situações de trabalho excessivamente exaustivas, competitivas ou exigentes, esse esgotamento pode conduzir o trabalhador a uma doença ocupacional denominada Síndrome de Burnout. Ela foi identificada pelo psicólogo Herbert Freudenberger nos anos 70 quando chefiava uma clínica de reabilitação na Califórnia. Em suas observações, Freudenberger constatou que as estressantes condições de trabalho ali reinantes estavam provocando sobre os trabalhadores crises de enxaqueca, insônia, irritabilidade ou apatia, dificuldade de raciocínio ou sociabilidade e, notadamente, forte depressão. As sucessivas transformações havidas na economia desde a virada do milênio afetaram sobremaneira a classe trabalhadora que se vê cada vez exposta às pressões que provocam este transtorno.
Foi por conta deste agravamento que o Indded (o motor de busca de empregos global e o maior dos Estados Unidos) repetiu uma ampla pesquisa para determinar o grau de incidência do Burnout entre um amplo universo de profissionais de diferentes grupos etárias. (Embora não haja um consenso sobre o ano em que começa e termina cada um dos grupos, os profissionais foram classificados como os Baby Boomers que nasceram entre 1946 e 1965, os da Geração X nascidos entre 1966 e 1980, os da Geração Y ou Millennials nascidos entre 1981 e 1995 e os da Geração Z que nasceram entre 1996 e 2010). Os participantes ainda foram selecionados por nível de experiência e por setor de atividade. As respostas deste estudo foram comparadas com outro estudo similar que foi realizado pouco antes da pandemia. Eis as conclusões do comparativo:
- O Burnout se expande rapidamente;
- Mais da metade (52%) dos entrevistados da pesquisa já experimenta algum dos seus sinais. Manifestação que cresceu quase 20% apenas no período entre as duas pesquisas;
- Os Millennials permaneceram como sendo o grupo mais afetado;
- Mas é entre os da Geração Z que o Burnout mais cresce hoje;
- Entretanto, os sintomas do Burnout se tornam mais impactantes à medida em que aumentou a idade dos entrevistados. Mais da metade dos Boomers já utilizam hoje algum tipo de apoio psicológico ou farmacológico;
- No universo afetado, 80% dos profissionais tiveram suas relações contaminadas pelo Burnout e 67% afirmaram que o quadro patológico se agravou em decorrência disso;
Também chamou a atenção o volume de profissionais em home office em vias de esgotamento em razão das mudanças provocadas pela pandemia. Situação que, de acordo com estudos paralelos realizados, decorre do fato dos trabalhadores remotos estarem se sentindo muito mais exigidos do que antes. Entre as razões profissionais apuradas destacaram-se – a falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, a incapacidade do trabalhador se desconectar do trabalho, a pouca razoabilidade por parte das lideranças e a dificuldade dos profissionais para conciliar trabalho, descanso e lazer. Já entre os fatores pessoais se destacaram a indisponibilidade para a família e os impactos e o desgaste causado pelo aumento da jornada acompanhado por uma redução dos ganhos.
Como resistir ao Burnout
De acordo com psicólogos e psiquiatras, a resistência às pressões do trabalho moderno podem sem contidas e controladas se:
- Anteciparmos nossas sensações àqueles que nos forem mais próximos;
- Apontarmos para o empregador as razões e consequências das questões que nos afetam;
- Manifestarmos para a empresa a nossa necessidade de limites razoáveis e metas atingíveis;
- Estabelecermos horários limites para o trabalho observado duas pausas ao menos ao longo do dia;
- Adotar hábitos mais saudáveis com disciplina e assiduidade;
- Nos mantermos ativos mental e fisicamente;
- Cuidarmos da nossa empregabilidade nos mantendo qualificados e atualizados;
- Qualificarmos nossa dieta, nossos hábitos e nosso sono.
Se ainda sentirmos necessário, não devemos hesitar em procurar ajuda. Infelizmente, esse é um transtorno que veio para ficar e nos exige atenção quanto às suas manifestações. Ao nos mantermos alertas, empoderamos nossa resiliência e asseguramos a manutenção da nossa sanidade mental, física e emocional.